Um dia, finalmente, vou deixar tudo que me prende para trás. Vou esvaziar as malas pesadas, colocar um música no bolso, criar coragem e sair porta afora. Vou superar os traumas sem deixar rastros. Vou abandonar meus medos e partir.
Vou deixar os títulos que almejo babando nas cadeiras da sala de aula e abandonar minha impaciência velada com os outros. Vou deixar que pensem o que quiserem de mim. Vou contar as verdades, letra por letra, sem medo delas ferirem quem me cerca. Vou afogar as mentiras no rio e espantar os fantasmas com sons que só as mãos dos pianistas conseguem pronunciar.
Um dia, conseguirei transformar essa atual imobilidade em movimento. Vou dizer adeus e partir deixando as amarras que me prendem penduradas na janela. Só vou querer noites de lua cheia para iluminar meus caminhos errados madrugada adentro. Viverei sob o signo da efemeridade e serei conduzido pelo sabor de uma felicidade besta, mas sincera.
E, sorrindo pela sensação boa do vento batendo no rosto, flutuar...
Foto: Wolney Fernandes
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