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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Puxadinho de um sonho só


Tá certo que a vida adulta é uma delícia. Também já consegui entender que, na impossibilidade da volta, é preciso aprumar os ombros, riscar a linha do horizonte com o olhar e caminhar. Então, porque essa sensação de que antes o rumo traçado era mais nítido e, portanto, mais fácil de se chegar a um ponto? Antes, era só olhar adiante que o objetivo estava lá, reluzindo ao sol feito espelho rebatendo luz: terminar os estudos, conseguir lugar pra morar, alguém para amar, viajar para lugares desconhecidos.

Agora é diferente. Olho adiante e já não consigo definir com precisão uma indicação de trilha e, pior, não consigo sequer um sinal que indique uma linha de chegada. O que existe é um emaranhado confuso onde todo dia é dia de trabalhar para dar conta das contas. Toda tarde é tarde de ponderar as vontades e amargar uma hora inteira na academia. Toda noite é noite de me torturar por não conseguir dormir mais cedo.

Arrumar armário para que as as meias caibam do lado das cuecas, deixar o carro pra lavar no intervalo do almoço, ser inteligente e bom de cama para dar conta dos amores sem rotina. Responder a todos os e-mails que insistem em abarrotar a caixa de entrada na velocidade de 140 caracteres. Rebolar para que os demônios internos continuem relapsos e não retornem à tarefa decadente de me tirar dessa rotina felizzzzzzzzz...

A vida de tantos sonhos plantados no horizonte, ficou difusa e virou puxadinho de um sonho só: sobreviver para ter tempo de olhar o tempo passar.

Imagem capturada aqui.

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