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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Extremamente Alto & Incrivelmente Perto


O cartão de visitas de Oskar diz assim:
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OSKAR SCHELL
Inventor, desenhista de jóias, fabricante de jóias, entomologista amador, francófilo, vegan, origamista, pacifista, percussionista, astrônomo amador, consultor de informática, arqueólogo amador, colecionador de: moedas raras, borboletas que morreram  por razões naturais, cactos em miniatura, memorabilia dos Beatles, pedras semipreciosas e outras coisas.
E-mail: oskar_schell@hotmail.com
Fone residencial: privado
Celular: privado
Fax: Ainda não tenho uma máquina de fax
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Oskar tem 9 anos, perdeu o pai no atentado de 11 de Setembro em Nova York e é a personagem principal do livro "Extremamente Alto & Incrivelmente Perto" de Jonathan Safran Foer que eu acabei de ler.

A narrativa utiliza várias possibilidades gráficas como fotos, desenhos, diálogos espalhados, páginas apenas com números, com apenas uma frase ou sem nada. Estas referências visuais [veja exemplo na imagem abaixo] nos ajudam a mergulhar na busca que esse menino empreende para descobrir a fechadura da chave que ele encontra no closet do Pai, um ano depois da tragédia.

"Aquele segredo era um buraco dentro de mim, para dentro do qual todas as coisas alegres caíam"


A odisséia de Oskar fala de dores que a vida tatua em nós e de como lidamos com as perdas repentinas, pois nunca é possível reconhecer o último momento de felicidade que antecede uma tragédia. Sua busca é por algo mais complexo que uma simples fechadura. O que ela pode abrir afinal? Talvez ele só queira exorcizar a tragédia.

Sua inteligência fora do comum o ajuda menos do que se ele fosse uma criança "normal", já que sua precocidade reveste sua dor e o obriga a ser extremamente maduro.


"Uma ambulância passou pela rua entre nós e me perguntei quem estaria lá dentro e o que teria acontecido com essa pessoa [...] Haveria qualquer possibilidade de ser um conhecido meu? Será que alguém tinha visto a ambulância e se perguntado se era eu quem estava lá dentro?"


Ao longo de sua peregrinação pelos cinco distritos de Nova York, sem perceber Oskar consegue atar o fio geracional que se perdeu quando o avô abandonou seu pai. Descobrir como isso acontece é uma das delícias desse livro de linguagem incrivelmente peculiar.

"A Vó acredita em Deus, mas não acredita em táxis"

No último dia 24, fiquei sabendo que o filme inspirado no livro está indicado ao Oscar desse ano na categoria principal. Só me resta esperar que a adaptação cinematográfica confirme toda a genialidade da narrativa de Foer, um autor extremamente sensível e incrivelmente inteligente.

Fotos: Wolney Fernandes

Um comentário:

Agno Flávio disse...

o livro deve ser realmente muito bom...sua apreciação é incrivelmente cativante.