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terça-feira, 30 de agosto de 2011

DonAna

Desabusada
DonAna sentou na calçada para escolher os queijos.
- Quero 14! - pediu ao moço que havia oferecido as iguarias na porta da minha casa em Lagolândia. Selecionou cada um com o cuidado de quem já fabricou o produto por muito tempo e, quando questionada sobre a quantidade exagerada, respondeu:
- Pra "desabusar" o vendedor de queijos da feira lá em Goiânia! Mostrar pra ele o que é queijo de verdade!

Perna aberta
Estávamos no banco de trás do carro indo para Anápolis. Sentada no meio, entre mim e uma prima, DonAna remexia inquieta. De supetão arrancou o cinto feito com o mesmo tecido do vestido estampado e perguntou:
- Advinha o que vou fazer com isso?
Sem ter a mínima ideia desistimos de tentar advinhar e ela, enlaçando as pernas, explicou:
- Vou amarrar minhas pernas senão elas não páram quietas aqui no meio!
E seguiu tagarelando de pernas amarradas até o destino da viagem.

Caminhada
Toquei a campainha e ouvi, de dentro do apartamento, DonAna perguntar:
- Quem é?
- Sou eu, DonAna! O Wolney!
- Peraí que vou vestir uma roupa, pois estou só de calcinha fazendo caminhada pelo apartamento.

Giro
Encantada com o movimento circular que a máquina de lavar fazia, DonAna resolveu acompanhar a lavagem olhando fixamente para o giro das roupas. Acordou 5 minutos depois, ainda tonta pela movimentação que a fez desmaiar.

Dor na Coluna
A cadeira para ver televisão era de encosto reto e feita sob medida para ajudar com as dores na coluna. O problema era o cochilo que DonAna empreendia sempre que ia assistir a RedeVida. Acordava "emborcada" com o nariz entre os joelhos. Incomodada com a postura e zelando por seu sono, não teve dúvidas: amarrou uma meia calça velha na cabeça e prendeu na janela atrás da cadeira. Desse modo, a coluna ficava ereta, mesmo durante o sono diante da TV.

Maloca
DonAna chegou na porta do meu quarto e, diante da minha estante de livros e DVDs suspirou:
- Êeeeeeeeeeehhh maloca danada!

DonAna era minha tia-avó, destas que a gente perde e fica sempre com aquela vontade de ter um tempinho a mais para conviver, pois ao seu lado a vida era só alegria.

Foto: Wolney Fernandes

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