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domingo, 28 de novembro de 2010

Fragmentos de realidades

Minha última postagem de novembro são fragmentos de realidades recolhidos por um olhar que não pára nunca:

1. Enquanto a condução não vem e o sinal verde não acende, uma moça chora sozinha recolhida no canto do assento do ponto de ônibus.

2. Minutos depois da partida, uma rosa vermelha cai do buquê e permanece esquecida no estacionamento do aeroporto.

3. Pelo retrovisor, o sorriso do motorista do carro de trás denuncia alegrias contidas em mensagem no celular que ele encara atentamente.

4. A desconhecida atendente da cantina não percebe minha tentativa em demonstrar simpatia depois de uma semana difícil e diz em tom confidencial: "Você é uma pessoa que transmite alegria!"

5. Entretidas em dividir o mesmo fone, as namoradas se beijam embaladas por uma música que só elas podem ouvir.

6. O porteiro cochila tranquilamente sem perceber que o carteiro hesita entre acordá-lo ou sair de fininho sem fazer barulho.

7. O pai atravessa a faixa de mãos dadas com a filhinha. Os dois conversam animadamente como dois adultos enquanto eu decido se me adianto ou se diminuo o passo para ouvir o restante do bate-papo.

8. A moça rasga o papel exatamente na dobra que ela vincou e segue até a fila do caixa deixando o pedaço branco sobre a mesa. Ao ocupar o lugar dela, começo a desenhar as flores que enfeitam o tecido da blusa que ela veste.

9. Ouço a música "You look like an angel" enquanto caminho pelo centro e decido registrá-la em uma postagem.

Imagem: Wolney Fernandes

sábado, 27 de novembro de 2010

Nota de rodapé

Nota de rodapé para cabeceira da cama: "Ludibriar o tempo para repousar em preguiças e delícias de todo dia".

Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 23 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Contrastes coloridos

Quando o céu anoitece em contrastes, o colorido pinta de poesia o olho da gente.

Foto: Wolney Fernandes

sábado, 20 de novembro de 2010

Felicidades de verdade e risco

Era 08/08/2008. Lembro porque foi o dia da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequim. Espalhados pela mesa estavam o retrato de Frida Kahlo, a camiseta verde e uma vontade grande de presentear.

Pintei aqueles desejos, ainda envolto pelos florescimentos do encontro. Amava a possibilidade de, naqueles traços, colocar toda a simplicidade de um sentimento bom que nascia tímido, mas que riscaria novos mundos, dobraria mapas e construiria istmos.

Dali em diante, entre amor absoluto e outros contingentes, foram várias camisetas pintadas numa equivalência simbólica a emblemas que tocavam o coração do lado de fora e de dentro do peito.

Pintava camisetas coloridas para fazer tocar uma música que, imaginada eterna, silenciaria nas veredas que eu mesmo atravessaria. Pela primeira vez fui amado por aquilo que não sabia que tinha. Porém, pelas minhas marcas enigmáticas que interrogam e acossam, me vi soprando para longe, sem explicações cabíveis, o que antes era sonho e desejo.

Nesta semana, recebi de presente duas camisetas pintadas com as cores e as dores que eu mesmo ajudei a realçar. Junto delas, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã ou em dias incertos, aquela vontade de [re]conhecimentos e enfrentamentos.

Por elas, traçada pelo outro entre abraços partidos, ao contrário do que foi dito, uma certeza: sou eu quem precisa de orientação para me firmar em felicidades de verdade e risco.

Mais ou menos assim:



Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Norah e Eu

Desde 2002 mantenho um caso de amor com Norah Jones. Seu timbre marcante, seu tom intimista e até uma certa timidez que embala suas performances me arrebataram desde a primeira vez que ouvi "Come away with me".

Com apenas 23 anos quando lançou seu primeiro disco, ganhou 7 Grammys - entre os quais o de melhor álbum do ano e artista revelação. Sucesso de crítica e de público, de lá pra cá, os laços desse caso de amor ficam mais fortes a cada álbum. Não há uma playlist minha que não tenha uma música da moça.

Embora "Come away with me" ainda seja meu favorito, Norah já lançou mais 4 discos e o último "...Featuring" perfumou meus ouvidos desde a última sexta-feira e embalou todo o meu final de semana. Para marcar os melhores momentos dos acordes sutis que me atravessam desde 2002, segue uma lista das minhas músicas preferidas de cada CD:

1. Álbum "Come away with me" (2002)
Melhor música: Turn me on

2. Álbum "Feels like home" (2004)
Melhor música: The Prettiest Thing

3. Álbum "Not too late"
Melhor música: Rosie's Lullaby

4. Álbum "The Fall"
Melhor música: Young Blood

5. Álbum "...Featuring Norah Jones"
Melhor música: Here we Go

A sutileza com a qual a voz da moça flerta comigo mantem acesa minha vontade de ouvi-la pela madrugada afora. Bem baixinho, só eu, ela e a lua.

Imagens capturadas em www.norahjones.com

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Torre de Babel

01. Tempo e memória - Katia Canton
02. Exercícios do olhar - Carmen S. G. Aranha
03. O convidado surpresa - Grégoire Bouillier
04. Arte como experiência - John Dewey
05. Rumores discretos da subjetividade - Rosane Preciosa
06. A tabuada da bruxa - Goethe
07. Diálogo - Desenho - Márcia Tiburi e Fernando Chuí
08. Outra volta do parafuso - Henry James
09. Não me abandone jamais - Kazuo Ishiguro
10. Mexicana: Vintage Mexican Graphics - Jim Heimann
11. Extremamente alto e incrivelmente perto - Jonathan Safran Foer
12. História e imagens - Eduardo França Paiva
13. A arte de produzir efeito sem causa - Lourenço Mutarelli
14. O Artífice - Richard Sennett
15. O fazedor de velhos - Rodrigo Lacerda
16. Quero minha mãe - Adélia Prado
17. Lendo imagens - Alberto Manguel
18. Snoopy: primeiro de Abril - Charles M. Schulz
19. Snoopy: extraordinário - Charles M. Schulz

Foto: Wolney Fernandes

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sossegos enluarados

Ontem à noite, ao desligar a luz do quarto, vi uma luminosidade estranha refletida na parte superior da cama onde fica o travesseiro. Meus olhos caminharam janela afora até se depararem com a lua no canto do céu.

Ali, deitado sob a luz do luar, a agitação de dia inteiro me pareceu distante e apagada pela claridade fosca que a lua estendia pelo meu quarto.

Por descobrimentos [impre]visíveis, adormeci pensando que em madrugadas enluaradas os sossegos dormem mais perto da gente.

Hoje, os amanhecimentos foram embalados pela lembrança dessa música aqui.

Foto: Wolney Fernandes

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sobre guarda-chuvas, ventanias e paisagens corrompidas



Em Pingos e Pigmentos


Em surrealismos de Magritte.



Em instalações de Sam Spencer


Nas mãos de vilãs clássicas da TV


Em rabiscos de qualquer hora


Em pinceladas de Monet




Em clipes de cantora pop


Nos quadrinhos de Maurício de Souza


Em inspiradas decorações


Em ventanias pelo cerrado


Em assinaturas carimbadas

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Foda-se!

Meio de semana;
Aula desmotivada embalando performances constrangedoras;
Distâncias descritas em comparações tardias;
Trabalho sem surpresas;
Compulsão quase mórbida por preguiças;
Cheiro de cigarro invadindo as narinas;
Fogo adolescente entorpecido e entorpecendo;
Alergia e pó desconhecendo uma trégua;
Coldplay para os momentos fáceis;
Xixi na madrugada e pesadelos na cozinha;
Gorduras ditando um cardápio sem sabor;
Delírios de consumo aumentando os dias do mês;
Bancas e avaliações acadêmicas;
Cabelo gerando discórdia generalizada;
Pneu furado;
Retorno frustrado;
Apertos monopolizando o quarto;
Vontades reprimidas;
Lágrimas apressadas e apertadas;
Janela fechada para dormir;
Conversas invadindo vontades de silêncio;
Para tudo isso e mais um pouco: FODA-SE!

Imagem montada à partir de desenho capturado em http://blogs.seattleweekly.com/author.php?author_id=475

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Guarda-Chuva Vermelho



Guarda-chuva vermelho para caminhos de chuva, paradas de sol e chuviscos diagonais.

Fotos: Gardene Leão

Precipitação e desordem

Ocupo de pequenas alegrias o espaço que era para ser vazio. Cúmplice de mim mesmo, costuro meus desejos, horários e silêncios para além dos olhos alheios.

Ainda mora em mim aquele quintal misterioso onde aprendi o sublime e o trágico da vida - arame farpado, brinquedo inventado, brincadeira improvisada, chão de liberdades - tudo é tristemente feliz e em seu lugar. Afinal, [des]cobrir o mundo é uma extensão densa e enviesada desse quintal selvagem e transbordante que carrego dentro de mim.

Tudo é baldio nesses buracos de realidade, fantasia e espinhos. Mesmo assim, eu me viro brincando sozinho e cumprindo a sentença decretada pelas distâncias que sempre me acompanham.

Amei, mal-amei, des-amei e, por isso, sigo atravessado por meus crimes. Embora eu saiba que a solidão seja rito de passagem, começo a promulgar que amar é precipitação e desordem.

Foto: Wolney Fernandes

domingo, 7 de novembro de 2010

Agenda de Sexta


Reunião dia 05 de novembro.
Horário: 14h
Local: Pé de Goiaba da Faculdade de Artes Visuais da UFG.

Fotos: Rosi Martins e Wolney Fernandes

sábado, 6 de novembro de 2010

O sertão no cerrado

No dia dos mortos, entre onças e cobras, guardamos roupas do sertão em paisagens do cerrado.

Foto: Wolney Fernandes