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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pela janela sem moldura

O gosto do vinho ainda ardia em minha garganta quando, diante da garrafa vazia, a janela sem grades se desenhou à minha frente. Estavam lá, cravados no meio das luzes da cidade e em meu peito, montes de sentimentos pedindo para serem libertados.

Feito náufrago em ilhas habitadas por segredos, olhei fundo a taça que trazia na mão direita e o restinho de líquido púrpura refletiu um pedaço de mim que andava soterrado. Num impulso maroto, destes que nos tomam pela vontade de salvação, atirei garrafa e taça pela janela afora .

Inspirei.

Esperei que barulho de meus estilhaços cortassem o silêncio da noite.

Expirei.

O céu visto do décimo andar se fez espaço em branco sem ponto de fuga. Não havia moldura, nem chão... somente um mar estrelado invadindo o desejo de novos desenhos que habitassem meu corpo. Corpo que na incidência entre imagem e realidade, se abriu para acolher as diagonais que atravessam minhas humanidades. Corpo que, na fraqueza, desejou libertar-se da falsa poesia do moço de "hábitos sempre puros" para se mostrar colecionador de inúmeras fragilidades em ebulição. E daí?!

Não tem margens essa liberdade que, simultaneamente, me faz menino de territórios híbridos e homem que dorme desejando mais vinhos e janelas sem molduras.

Imagem: Wolney Fernandes

"Ao infinito e além!"

Com a chegada do Buzz, tá formada a dupla dinâmica!
E não se preocupe Woody!
Tem lugar para os dois no meu quarto.

Foto: Wolney Fernandes

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dois Lados

"Separo o que conheço
De um lado é o que sou
Do outro quanto esqueço
Por entre os dois eu vou

Não sou nem quem me lembro
Nem sou quem há em mim
Se penso me desmembro
Se creio, não há fim"

Texto: Música de Renato Motha sobre poema de Fernando Pessoa
Imagem: Wolney Fernandes

Para ajudar impacientes como eu

Na fila do banco - Ter o cartão e a conta a ser paga na mão. Não deixar para procurar estes itens (perdidos em bolsa gigante e entupida de trecos) exatamente no momento em que está diante do caixa automático.

No final da escada rolante - Entender que o shopping não é sua casa e que você não é o único que está na escada. Portanto, dar dois passos adiante para, só então, decidir onde irá lanchar pode ajudar quem vem atrás a seguir adiante sem ser atropelado.

No cruzamento sem semáforo - Sinalizar com seta que vai virar à direita/esquerda. É prático, rápido, não dói nada e ainda ajuda o trânsito fluir.

No elevador - A regra é bem simples: esperar as pessoas saírem para, só então, entrar!

Imagem: colagem digital sobre obra de Diego Velazquez.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Fotos de Clarice por Alice

"Alice estava começando a se aborrecer de ficar sentada ao lado da sua irmã num recosto do jardim, sem nada para fazer. Dava uma ou outra olhadela no livro que a irmã lia, mas implicava:
- De que serve um livro sem figuras nem diálogos?"

Lewis Carroll

Imagem: Wolney Fernandes

sábado, 10 de abril de 2010

Olhares frescos

Sem rabiscos e escritas nos últimos dias, tento multiplicações de mim mesmo. Sem fôlego, chego em casa e me perco em sono partido sem o descanso que meu peito, cabeça e corpo merecem.

Meus desassossegos não me abandonam porque minhas certezas nunca são estáticas. Penso nas responsabilidades e descubro que viver de verdade seria sofrer sem medos. Eu tento deixar o barco ir com qualquer vento, mas não consigo. Timoneiro de penteado arrumadinho, tento navegar para deixar meus cabelos desalinhados, mas minha vontade é estar ocupado com um filme bobo.

Maturidade é isso? Encarar que, na verdade, o mais difícil é se reinventar? Dói ter que sobreviver primeiro para só então, viver. Olho para minhas asas guardadas na gaveta e concluo que preciso de olhares frescos, daqueles que não envelhecem... daqueles que não esmaecem... apesar de tudo o que já viram.

Imagem: Wolney Fernandes

Uma rua chamada pecado



Sem comentários! Só Marlon Brando e Vivien Leigh.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Aos marxistas de plantão

"Os marxistas sempre operavam na certeza de que, vinda a revolução, seriam os primeiros a se encostar nos quartéis-generais do partido com pranchetas nas mãos. Não dariam conta de lavar uma xícara de café, embora estivessem mais do que dispostos a criticar o fabricante do detergente."

David Sedaris (Do livro "Eu falar bonito um dia")

Revelações fotográficas

Em amarelo, azul e preto (e papel fosco com bordas, por favor!)

Imagem: Wolney Fernandes
ATIÇANDO, DAMOS LOUVORES
Composto por Wolney Fernandes e Odailso Berté.
Da obra "San Sebastian" de Guido Reni