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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Do canto escuro de minhas melancolias

Querida Sofia!

Quisera eu ser tão simples como pareço ser. Gostaria de rabiscar imagens e escrever textos que se resumem a pequenos conflitos externos e terminam em finais felizes. Talvez se esta carta fosse menos melancólica, simplesmente não existiria. Você sabe que nunca fui de extremos. Penso, pondero, olho ao meu redor, tento compreender. Eu sempre tento... mas às vezes, mesmo assim, perco as estribeiras e venho pra cá.

Sei que você entende que eu preciso das minhas inconstantes fases melancólicas. Nos lugares escuros, sou aquele que pode escolher onde ficar. Dentro de mim tudo é tão mais complicado. Estou preso e escondi a chave pra me manter nessa clausura que me enche de serenidade. No egoísmo do meu sentimento que nasceu sozinho e permanece independente, quase choro. Mas, mesmo assim, percebo daqui reminiscências de felicidade e com elas faço a trilha que sempre me tira desse canto escuro.

Por isso, não me peça pra me contentar com pouco. Nem pra aceitar com um sorriso só aquilo que a vida me dá. Não sugira que eu desista da busca. Nem que esqueça esse papo patético sobre felicidade. Felicidade... Não tente me convencer de que isso não existe porque eu sempre irei acreditar. E vou caminhar sobre instantes de felicidade até que minhas forças se acabem, até que meus lábios sejam incapazes de sorrir. Até que eu não possa mais estender minhas mãos e as palavras de consolo se tornem afônicas.

Amanhã ou depois vou sair desta tristeza que abateu sobre mim para saltitar em passos largos a estrada que as luzes vão desenhando. Talvez eu conte demais com o acaso. Talvez por isso, muitas vezes, a solidão chega como se eu fosse a casa dela.

Na verdade, descobri que sou o complicado que busca pelas coisas simples. Eu não peço muito, mas o que eu peço nem sempre tem na estante.

Na pretensão das expectativas que tentam me guiar, minhas palavras hoje são apenas pra você...

Beijos miudinhos!
Wolney

Imagens: Wolney Fernandes

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