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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Universo de Sentidos

Quando se descobre que casas, praças, morros e rios são universos de sentidos.

Desacreditado

Estou sozinho... desencantado com aquele Deus das igrejas e comunidades. O que antes me fazia encanto e atuação, hoje é náusea no estômago, ironia que cobre meu corpo com as vestes da descrença.

Pareço ter conseguido colocar as coisas do alto aqui embaixo sem acreditar que ser bom ou mau salvará ou condenará minha alma. Já não acredito no abstrato e rio da falsidade do concreto. Habito na fronteira acreditando que aqui é único lugar seguro no mundo.

Imagem capturada em http://www.linatree.com/bienal39/

Asas para voar

Descobri que tenho asas, mas não sei como elas foram parar aí. Como cismaram em existir? Será dádiva ou maldição? Penso em escondê-las. Sim, afinal, tenho asas mas não sei se posso voar. Asas escondidas são um tormento. Li em algum lugar que posso cortá-las, mas um sonho bom tem me impedido.

Sou nada mais que um escravo do medo. Com asas ocultas a se rebelar. Assim sou eu, pássaro ou anjo que sofre ao contemplar a própria natureza. Tinta de inadequação numa tela, ao mesmo tempo, abstrata e concreta.

Imagem capturada em http://www.linatree.com/pinhole/guide/

O querer que me faz assim

Quero comer chocolate.
Me emocionar com filme bonito.
Ler um livro bom no silêncio do meu quarto.
Quero fazer o que gosto.
Escutar música que me faça cantarolar baixinho.
Quero passear solto pelas ruas.
Observar a cidade se movimentar.
Não quero fazer nada pensando que é para os outros.
Quero fazer pra mim, pro meu gosto.
Desenhar e escrever mais.
Trabalhar por prazer.
Tomar limonada com bastante sede.
Dirigir em estrada ladeada por flores.
Quero ver paisagem.
Rio transparente.
Avião chegando.
Quero me fazer feliz de tanto praticar essa tal felicidade.

Foto: Wolney Fernandes

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Enquanto meu futuro não vem

Vivo caindo como Alice no buraco da árvore, sem saber o que vou encontrar lá embaixo. É nessas quedas que sempre me pergunto: Por que não podemos ter a tranquilidade de prever o futuro próximo? Talvez só o tempo suficiente para saber se sim, se não.

Uma proposta de trabalho. Uma manifestação de amor. Uma notícia de alguém doente. Um e-mail. Uma previsão do tempo. Sabendo de antemão o que estaria por vir facilitaria a digestão. Frustrações bem mastigadas são mais fáceis de engolir. Porque o difícil é lidar com aquilo que ainda não sabemos. Fantasiamos. Elucubramos. Viajamos. Piramos. E dá-lhe borboletas farfalhando as asas no estômago.

Ah, quantas voltas para tentar aplacar um coração fora de esquadro. Desenhar e escrever é o que me sobra, a despeito das borboletas. Mas também não adianta muito, pois quanto mais escrevo e desenho, mais as borboletas ficam festejantes. Passear no bosque enquanto meu futuro próximo não vem? Como faço?

Imagem capturada em http://www.alice-in-wonderland.net/pictures/alice-pictures.html

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Caminho das plenitudes

Não sabia ao certo o motivo. Talvez tivesse sido o vento raro do final de tarde. Da janela do décimo andar foi impelido a caminhar. Enquanto descia no elevador refez o percurso mentalmente e sorriu como se tivesse a certeza que descobriria na paisagem conhecida novas cores e nuances. Apertou o play do Mp3 sem se preocupar em escolher uma canção que o embalasse. Naquele entardecer, o som do seu coração aliado aos acordes do vento é que o conduziriam em passos lentos pela calçada.

Sempre foi assim: ele e seu mundo particular. Sempre calado, enfrentou os dramas que só a ele pertenciam. O reflexo do vidro de um carro estacionado próximo a calçada o fez lembrar de quando entendeu o que era bonito ao mesmo tempo em que se achava feio. Ao perceber que estava adulto, negou! E, quando adulto, percebeu que tinha muito a amadurecer, pois suas recusas duraram tempo demais.

Demorou uma vida inteira pra chegar a uma conclusão que o moveria no caminho das plenitudes: Nunca se negar nada e pensar que tinha direito a tudo!

Pensando em como sair dali, caminhou entre as pessoas sem vê-las. E não parou.

Imagem capturada em http://www.cardiophile.com/2007/12/walk-towards-healthier-life.html

Noite sem estrelas

Sem palavras!

Para lembrar São Sebastião


Imagens para lembrar São Sebastião e aguçar minha eterna fascinação pela iconografia do santo.
Fotos: Eugenio Recuenco e Robert Wilson, respectivamente.

Poema

"Hoje eu acordei com medo, mas não chorei
nem reclamei abrigo.
Do escuro eu via um infinito sem presente, passado ou futuro.
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim,
que não tem fim."

Cazuza/Frejat

Foto: Odailso Berté

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Do canto escuro de minhas melancolias

Querida Sofia!

Quisera eu ser tão simples como pareço ser. Gostaria de rabiscar imagens e escrever textos que se resumem a pequenos conflitos externos e terminam em finais felizes. Talvez se esta carta fosse menos melancólica, simplesmente não existiria. Você sabe que nunca fui de extremos. Penso, pondero, olho ao meu redor, tento compreender. Eu sempre tento... mas às vezes, mesmo assim, perco as estribeiras e venho pra cá.

Sei que você entende que eu preciso das minhas inconstantes fases melancólicas. Nos lugares escuros, sou aquele que pode escolher onde ficar. Dentro de mim tudo é tão mais complicado. Estou preso e escondi a chave pra me manter nessa clausura que me enche de serenidade. No egoísmo do meu sentimento que nasceu sozinho e permanece independente, quase choro. Mas, mesmo assim, percebo daqui reminiscências de felicidade e com elas faço a trilha que sempre me tira desse canto escuro.

Por isso, não me peça pra me contentar com pouco. Nem pra aceitar com um sorriso só aquilo que a vida me dá. Não sugira que eu desista da busca. Nem que esqueça esse papo patético sobre felicidade. Felicidade... Não tente me convencer de que isso não existe porque eu sempre irei acreditar. E vou caminhar sobre instantes de felicidade até que minhas forças se acabem, até que meus lábios sejam incapazes de sorrir. Até que eu não possa mais estender minhas mãos e as palavras de consolo se tornem afônicas.

Amanhã ou depois vou sair desta tristeza que abateu sobre mim para saltitar em passos largos a estrada que as luzes vão desenhando. Talvez eu conte demais com o acaso. Talvez por isso, muitas vezes, a solidão chega como se eu fosse a casa dela.

Na verdade, descobri que sou o complicado que busca pelas coisas simples. Eu não peço muito, mas o que eu peço nem sempre tem na estante.

Na pretensão das expectativas que tentam me guiar, minhas palavras hoje são apenas pra você...

Beijos miudinhos!
Wolney

Imagens: Wolney Fernandes

The Greatest - Cat Power

Não é a música mais bela do mundo. Nem a mais intensa. É melancólica e a letra nem é tão tocante assim. Mas sua suavidade me convida a dançar no ritmo da saudade de algo que ainda não vivi. E isso é o suficiente!

Geminiano

A frase é de Linda Goodman, mas cabe direitinho no meu bolso:

"Eu poderia lhe contar minhas aventuras à partir desta manhã. Pelo menos eu sabia quem eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que, desde então, mudei várias vezes."

Imagem capturada em http://www.utahskies.org/

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Das saudades, os sentidos...

- Do gosto da sopa que a Dona Biga fazia na merenda da escola;
- Do cheiro de biscoito assado saindo do forno à lenha;
- Do arrepio bom que eu sentia quando minha mãe carinhosamente penteava meus cabelos;
- De ouvir barulho de chuva no telhado da casa em Lagolândia;
- De ver a missa sentado no banco da frente;
- Do gosto azedo das balinhas de tamarindo com sal que eu mesmo produzia;
- Da alegria das manhãs de jogos de tabuleiro na casa do Setor Universitário;
- Da expectativa boa de esperar uma carta;
- Do gosto peculiar da batida de kiwi com sonho de valsa;
- De olhar o gibi antes de ler;
- Da inocência das brincadeiras com miniaturas de super-heróis;
- Do gosto bom dos bolinhos de milho da Vó D'alena;
- Do cheiro que as flores do pé de jabuticaba espalhava pela casa.

Foto: Wolney Fernandes

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Por todas as coisas das quais desviamos o olhar

Amanheci com os olhos cegos de cor. Vejo tudo ao meu redor com aquela brancura apática, estática, imensa... A pupila dos meus olhos sucumbe e dá lugar à cegueira branca, feito Saramago. Logo agora, quando nenhum estágio de brancura me basta.
Tenho apenas um fio de vontade amarrando o desejo de que o amanhã, de tanto brilhar, faça rebentar e se fazer pintura.

Imagem: Wolney Fernandes

Silêncio, por favor!

O quanto sofrem os silenciados?
Qual será a conseqüência, o valor a se pagar por esses silenciamentos?
Como sentem os espíritos livres em uma jaula de papel estampado com dúvidas?
Qual o peso da verdade?

Imagem capturada em http://angelofonte.tripod.com/id2.html

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Reinventar segredos

Todos os dias faço tudo sempre igual. E todos os dias acordo com esperanças de ver tudo diferente. Todos os dias enxoto meus cães e todas as noites adormeço protegido.
Basta!
Preciso revirar escritos... reinventar segredos e parar de contar os meus pecados. Nada de olhar para o espelho, de contar a grana na carteira ou de perguntar por simples educação como as pessoas estão. Hoje e daqui pra frente, meu único pecado será não respeitar as minhas vontades.

Foto: Wolney Fernandes

O resto é silêncio

1. Silêncio - Madredeus
2. Enjoy the silence - Depeche Mode
3. Silencio - David Bisbal
4. Silêncio das Estrelas - Lenine
5. Silencio - Ibrahim Ferrer y Omara Portuondo
6. Saudade Silêncio e Sombra - Teresa Tarouca
7. Sound of Silence - Simon & Garfunkel

Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/index.php

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cantinho Escondido

Quando Marisa Monte canta em poucos versos o que carrego dentro do meu peito:

"Dentro de cada pessoa
Tem um cantinho escondido
Decorado de saudade
Um lugar pro coração pousar
Um endereço que freqüente sem morar
Ali na esquina do sonho com a razão
No centro do peito, no largo da ilusão
Coração não tem barreira, não
Desce a ladeira, perde o freio devagar"

Imagem capturada em http://ceueinferno.blogspot.com/2008_05_01_archive.html

Simplesmente Amor

O Filme:
Simplesmente Amor (Love Actually, Inglaterra, 2003)

Sinopse:
A vida de várias personagens se entrelaçam e são modificadas pela presença do amor em suas vidas.

Grande questão:
Estamos atentos às sutilezas onde o amor se esconde?

Detalhes preciosos:
1. Emma Thompson em choro contido quando recebe o presente do marido;
2. Os abraços e gestos carinhosos nas cenas de aeroporto que abrem e fecham o filme;
3. A família de Aurélia, a portuguesa que se apaixona pelo escritor inglês.

Frase:
“Sempre que me entristeço com o mundo penso nos portões de chegada dos aeroportos. Dizem que vivemos num mundo de ódio e ambição, mas eu não acho. Sinto que há amor em todo lugar. Nem sempre algo que valha alguma manchete, mas está sempre ali. Pais e filhos, mães e filhas, maridos e esposas, namorados e namoradas, amigos antigos... Se procurar, creio que descobrirá que o amor simplesmente está em toda parte.”

Música:
Turn me on - Norah Jones

Cena que adoro:
O amigo que se declara para a amada usando cartazes e uma música natalina. Clique aqui para ver.

Por aí

Pequenas cenas por aí:
1. Correr para a sala de cinema faltando 1 minuto pra sessão começar e ver a fila enorme parada na bilheteria;
2. Conversar sobre solidão com uma velhinha, enquanto atravessamos juntos uma faixa de pedestres;
3. Esperar um e-mail que nunca chega;
4. Ter uma idéia brilhante e constatar que só poderei colocá-la em prática depois do mestrado;
5. Perder tempo me encantando com as imagens que meus olhos desenham no azulejo do banheiro;
6. Pegar birra com um texto;
7. Sentir os olhos marejados enquanto converso pelo telefone;

Tem dias em que a vida, de tão lenta, fica um filme de arte iraniano.

Imagem: Foto das imagens que vejo no azulejo do meu banheiro.

The day before the day

Minha preferida do novo CD da Dido.