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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Duas estampas

O final de semana foi todo com cheiro de tinta. O resultado foram duas imagens para estampar minhas camisetas exclusivas. Uma Madonna para o show de quinta-feira em São Paulo e um guarda-chuva surreal para celebrar as chuvas do lado de cá.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Calendário Musical

01. Janeiros - Roberta Sá
02. Alô Fevereiro - Roberta Sá
03. Águas de Março - Elis Regina
04. Maio - Kid Abelha
05. Agosto - Wilson Simoninha
06. Manhãs de Setembro - Vanusa
07. Tarde de Outubro - CPM 22
08. November Rain - Guns N'Roses
09. Dezembros - Zeca Baleiro e Fagner

Imagem capturada em http://www.tapedeck.org/index.php

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Carta de Amor

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor,
se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são Ridículas.

Álvaros de Campos

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Meu primeiro prefácio

Ontem foi o lançamento do livro "Cartas na Mesa" do meu amigo Rafael Vieira. Pela primeira vez, além da ilustração da capa, eu também assino o prefácio da obra. Nas palavras do autor, a idéia do livro surgiu à partir da leitura freqüente do meu blog e, mais especificamente, das minhas cartas à Sofia.

Por esta razão, o texto que elaborei para abrir/apresentar o livro foi também escrito em forma de carta que, diga-se de passagem, é meu estilo preferido de leitura/escrita. E só para responder à motivação feita pelo Rafael no "P.S." do livro:

- Sim, participar desse projeto tão bonito me impele a desengavetar meus textos e imagens. Quero que eles desabrochem de novo, de um outro jeito.... para lembrar o que vivi. Que sejam impressos em páginas de papel pólen para acumular estímulos e desdobrar novos sentidos. Obrigado pela belíssima motivação!

Senhoras e Senhores!
A seguir, o meu primeiro prefácio:

"Querida Sofia,

Não gosto da minha letra escrita de caneta preta no papel, da minha voz gravada, da minha imagem em fotografias. Mas sou fascinado pelo instante. Adoro a possibilidade de um agora sem dor e sem ruídos. Embora as últimas semanas tenham sido corridas, com muita coisa acontecendo, ainda teimo em arranjar tempo de olhar para o céu. E o céu acaba nos contando tantas coisas. Hoje mesmo saí antes das seis da tarde de casa. Céu azul, nuvens descuidadas. Em dias assim, vêm à cabeça pensamentos esquecidos. Vontade de retomar planos, juntar palavras de dentro e de fora, buscar simplicidades. Não temer as frases feitas nem os sentimentos desencontrados. Razão pela qual sempre me valho de tuas cartas para que as palavras também me motivem a sair do canto, largar a inércia e tentar mais.


Como quem não se sente mais sozinho em um mar de interrogações, quando te escrevo fico em paz, sereno e confortável por partilhar o que transborda em meu peito. É loucura, eu sei, mas os registros de minhas elaborações, por mais simples que pareçam, fazem-me sentir parte de uma grande conspiração que inclui até os seres mais inconstantes e duais como eu. Diante da escrita projetada no papel, minhas incertezas deixam de ser cabíveis e todas as respostas parecem desnecessárias, ao menos nesse instante.

O livro que acompanha estas palavras é meu modo de te agradecer. Nele você encontrará cartas escritas pelo Rafael. Lembra dele? Pois é, ele também sabe da minha predileção por esse tipo de escrita e por isso me presenteou com o livro que eu agora partilho contigo. Abrindo as gavetas de realidades guardadas nestas cartas, me deparei com esta vontade de mostrar as revelações, as conversas sinceras e os embates como resultado de uma experiência imersa em reflexões.

O endereçamento a trinta destinatários diferentes, torna a leitura ora leve, ora densa... Quando terminei fiquei me perguntando: Não é exatamente esse o movimento que conduz a vida? Afinal, contrastes e variações vão preenchendo nossa existência com um colorido especial, que nem desenho feito com a espontaneidade e a fluidez das tintas. Tristezas e alegrias se alternam, prenunciando o novo que enche de surpresas o nosso cotidiano.

É possível dizer que nestas páginas estão contidas as chaves para se entender o desenvolvimento da vida? Talvez não. No entanto, Sofia, colecionar as pequenas epifanias espalhadas pelas cartas demonstrou o grau de satisfação com o qual sigo nesse emaranhado de relações que compõem minha(s) realidade(s).

Por enquanto não posso dizer mais nada. Anseio, agora, por suas próprias impressões que, espero encontrar em sua próxima carta. Por aqui sigo tentando capturar meus instantes mais pueris naquela esperança menina de aproveitar do tempo só a simplicidade das coisas, de viver nele aquilo que for realmente significativo. De olhar o presente e lembrar de agradecer tudo.

Já se permitiu desejo assim, Sofia? Devias experimentar! Conselho de quem sempre engole um brilhante pedaço daquele sol da tardinha. É tão bom que sinto irradiando um pequeno chuveiro de chispas para dentro de cada partícula do meu corpo tentando colar todos os fragmentos e reunir minha história num único enredo: feliz, raro, meu de fato.

Devo nomear? Ou apenas sentir?
Beijos riscados de saudade.

Wolney.

Imagem: Capa do Livro elaborada por Rony Ribeiro com ilustração de Wolney Fernandes

Quando bebemos do próprio poço


Duas samaritanas para o 4º livro da coleção "Na trilha do Grupo".

Beirut

Beirut é o nome dessa banda genial que eu descobri esta semana. O estilo combina elementos sonoros do Leste Europeu e do Folk. O clip da música "Elephant Gun" é um dos melhores que eu já vi. Ao assistí-lo, sempre me vêm respostas possíveis para a seguinte pergunta: Como resolver todos os problemas apenas dançando com seus melhores amigos?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

10 dias

Abotoei a bragrilha da calça com um movimento preciso e me virei em direção à saída do banheiro. Antes de atravessá-la pude ler algumas obscenidades escritas na porta com caneta Bic e saí distraído sem me dar conta da paisagem estranha que se esparramava diante dos meus olhos.

O lugar eu já conhecia, mas somente por fotos. A praça de cor de telha era mais ampla do que me parecia pelas imagens que me foram apresentadas, mas a catedral imponente que se levantava à minha frente, não deixava dúvidas: estava no sul, na cidade dos anjos.

Olhei de novo e do outro lado da praça, escondido pela penumbra de uma rua escura e estreita, um carro. Parecia um Ford KA, daqueles antigos de cor prata. Um vulto dentro do automóvel parecia o único sinal de que aquela cidade era habitada.

Fui caminhando até o veículo com passos lentos e à medida que me aproximava, o vulto foi tomando contornos mais definidos. Os cabelos loiros bem maiores do que me lembrava estavam soltos sem nenhum penteado como se a mulher tivesse saído do banho e, com movimentos bruscos, só tivesse enxugado os fios usando uma toalha. A pele muito branca fazia um contraste de tons etéreos com a escuridão da noite. Subitamente ela se vira e eu a reconheço quando ela coloca os dedos nos lábios pedindo pra eu fazer silêncio!

- Estou escondida! Não conte pra ninguém, por favor...

Diante da sua imagem e daquele pedido, dei um jeito de fazer minha surpresa e excitação encolherem até que coubessem numa caixinha de fósforos para então propor com um sussurro:

- Fica sossegada - Fiz uma pausa que deve ter durado uns 5 minutos e disse quase sem notar as palavras saindo da minha boca:

- Você é tudo o que dizem mesmo! (gagejei) errr.... hã.... Moro aqui perto e é bem tranquilo por lá. - De repente a paisagem ficou muito familiar e não tive medo de convidar: Não quer ir comigo? Não é seguro ficar aqui na escuridão.

Ela concordou com um sorriso e me pediu pra entrar no carro. Dei a volta e abri a porta do motorista sem acreditar: Estava levando a Madonna pra casa.

Quando bati a porta do carro, eu acordei!

Este sonho curioso é parte da excitação que tem tomado minhas noites nestes dias que antecedem o megashow "Sticky and Sweet" da Madonna em São Paulo. A contagem regressiva, iniciada em agosto deste ano, já está no final. Faltam 10 dias!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Traçados sinuosos

Querida Sofia,

Sempre te escrevo para registrar minhas imperfeições. Minha esperança é que você não se canse de escutá-las porque eu sigo falando delas, ora na tentativa de me cobrar, ora simplesmente tentando me vangloriar por ter a capacidade de constatá-las.

Eu tentei mudar quem eu sou uma série de vezes. Tentei me entregar menos às coisas, ser menos exigente comigo mesmo. Errei uma, duas, três, quatro, cem vezes... Continuo errando e, na esperança de obter certa compreensão do mundo, sempre me esforcei e me esforço. Maltrato-me! De cicatrizes internas meu corpo está cheio e meu ofício é escondê-las com tatuagens travestidas de sorrisos fáceis e compreensões superficiais.

Pensei que estava dando meus primeiros passos para a felicidade de agora e me vi novamente em profunda desorganização, inaptidão em lidar com as mudanças de planos. Por melhor que eu seja, por melhor que eu consiga, falta eu gostar desse meu lado inapto, pouco articulado.

E não, Sofia, não me venha com seus discursos para me convencer temporiamente do contrário. Por viver de extremos, encontro-me doente. Na mais pura das enfermidades diagnosticada pelo meu espelho e nomeada de frustração. A boa notícia é que, desta vez, eu já tenho também a cura. Ela provém de uma confiança que, em forma e conteúdo, me diz: sossega coração!

Longe está o tempo em que eu imaginava a linha do destino que atravessa minha mão como um desenho retilíneo. Afinal, a vida nunca esboça uma linha reta, mas ao contrário, vai riscando traçados sinuosos para que a gente não saiba mais onde pisar. Em tempos de quedas silenciosas só tenho pensado na beleza da recuperação.

Me ajuda a enxergá-la?
Beijos de sempre!

Wolney

Imagem: Wolney Fernandes

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Olho de Thundera

Camiseta com o Olho de Thundera dos Thundercats. Quem sabe agora eu consiga uma visão além do alcance.

Onde encontrar: Na Hocus Pocus da Av. Paranaíba, no Centro.

Distâncias

Eu aqui.
Você aí.
Você aqui.
Eu aí.
E juntos é muito bom!

Imagem capturada em http://www.videos.sailingcourse.com/distance_measurement.htm

Um amor quase perfeito

O Filme:
Um amor quase perfeito (Le Fate Ignoranti, Itália, 2001)

Sinopse:
Após o falecimento de seu marido, uma mulher descobre ao acaso uma dedicatória amorosa para o falecido. Determinada a encontrar esta amante, a viúva leva um susto. Antonia descobre que seu marido tinha outra vida, ao lado de outra pessoa.

Grande questão:
Em que momentos a vida passa do nosso lado e não conseguimos enxergá-la?

Detalhes preciosos:
1. O significado de um copo quebrado;
2. A figura de um padre entre os personagens na cena com a música "Gracias a la vida";
3. O jogo de sedução entre marido e mulher na cena inicial do filme.

Frase:
"Como somos tolos! Quantos convites recusados; Quantas palavras não ditas; Quanto olhares não retribuídos. Muitas vezes a vida passa ao nosso lado e a gente nem percebe.”

Música:
Birdenbire - Yasemin Sannino

Cena que adoro:
Aquela em que todos os personagens se reúnem para ouvir a música "Gracias a la vida". Clique aqui para ver.

Da chegada do Natal

"Na parede de um botequim em Madri, um cartaz avisa: Proibido Cantar!
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.
Ou seja: ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca."
Eduardo Galeano
Por um Natal de cantorias e brincadeiras!
Foto: Wolney Fernandes

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Eu e a Chuva

Sem querer olhei pela janela e vi a chuva cair silenciosa. A paisagem conhecida, agora se mostrava encoberta por uma "brancura em forma de véu". O ritmo compassado dos pingos d'água me hipnotizou. Então eu saí com aquela vontade de que a chuva me cobrisse também. Talvez buscando um jeito de lavar minhas incoerências sem que fosse necessário fazer nada mais além do que caminhar. No meio da Avenida eu dei passos em câmera lenta sem ouvir ou ver quem me rodeava. Ali, erámos só eu e a chuva, naquela intimidade de arrepiar cada pedacinho de corpo desvelado. Ali, a água que me banhava era minha reza. Ali, eu era menino sem medos. Ali, eu e a chuva...

Imagem capturada em http://pamelaalvesc33.blogspot.com/2008/07/pictinary.html