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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Certeza matinal

Subitamente, antes mesmo que pensamentos desconexos se desenhassem, percebi que a manhã chegara rápida demais. Virei para o lado na esperança de que a brisa fresca que adentrava pela janela pudesse acariciar meu rosto. Olhei o pedaço de céu azulado que teimava escorregar quarto afora e aspirei profundamente o cheiro daquele despertar. O que havia de especial nele? Quem estaria disposto a responder qual o sentido daquilo tudo?

De uma forma ou de outra, me dei conta que estava procurando por algo que fizesse todas as minhas dúvidas passarem devagar, como as primeiras nuvens que se dissipavam num céu laranja. Repentinamente senti-me intensamente vivo, com uma urgência doida de ficar olhando toda a cidade acordando quieta e imersa em seus universos pessoais, tão grandes quanto o meu próprio.

Como quem não se sente mais sozinho em um mar de interrogações, fiquei em paz com tudo aquilo, sereno e confortável por estar vendo o milagre da manhã, sentindo-me parte de uma grande conspiração que incluía até os seres mais inconstantes e duais como eu. Diante da luz projetada na parede todas as incertezas deixaram de ser cabíveis, e todas as respostas pareciam desnecessárias, ao menos naquele instante. Assim como o amor e o ódio podem ou não mover minha vida sem que eu os veja, apenas sentindo, eu contemplei minutos tão raros quanto intensos, sem provas, sem rastros... me importando apenas em saborear a certeza daquela oitava manhã de setembro: desta vez tudo será diferente!
Foto: Wolney Fernandes

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